Vinho caseiro

Principalmente nas famílias do interior, o início de ano representa a época de colheita de uvas e produção de vinho. Em Coqueiro Baixo, essa representação tornou-se destaque na vida de Nestor José Zambiasi, 62 anos, que é agricultor e produz vinho a vida toda.

Ele conta que aprendeu a produzir seu próprio vinho com seu pai, João Antônio, que fazia vinho no porão de casa. Nestor sucedeu a produção.

- É uma tradição que temos. Sempre foi feito e sempre quero continuar – revela Nestor. No entanto, Nestor acredita que a cultura de fazer vinho em casa não vai ser repassada para seus filhos, pelo fato de não terem muito costume de tomarem a bebida.

Nestor produz vinho a partir das uvas que colhe em seu próprio parreiral, onde há cerca de 3.500 pés distribuídos em 1,7 hectares de terra. Há as variações niágara branca e rosa, que foram plantadas há 15 anos na propriedade e há 10 estão produzindo. Hoje, produz cerca de 20mil quilos de uva. Parte dessa colheita é usada para fazer o vinho, e o restante vende para os vizinhos.

Em cada época de colheita, Nestor produz cerca de cinco mil litros de vinho, quantidade esta que é produzida e armazenada em 27 pipas de plástico e de fibra. Estas pipas, segundo Nestor, são mais práticas para trabalhar. Ele tem também uma de madeira, usada antigamente, que hoje ele apenas preserva por recordação. Depois de retirado das pipas, o vinho é conservado em garrafas pet.

A colheita da uva é feita com a ajuda da família e amigos.

- Eles vêm e me ajudam um pouco. Ao final do dia, levam cachos de uvas para casa. A colheita leva de sete a 10 dias. Neste ano, em uma semana foi colhido tudo – relembra.

A produção de vinho é feita no porão da casa.

- No porão, tenho uma máquina que tira o cacho da uva, e toda a família ajuda no processo, a minha esposa Inês, e meus filhos e seus companheiros, Rafael e Iva, Felipe e Araceli, Cristina e Teilor – relata.

De tradição preservada

Neiva Meneghetti Scapini, 59 anos, moradora de Coqueiro Baixo, também se dedica à produção caseira de vinho. Ela é agricultora e desde criança ajudava seu pai na produção. Foi nessa relação com seu pai que Neiva aprendeu a produzir o vinho e preza por produzi-lo em casa, ao lado do marido, Lauri, 58 anos. Ele também aprendeu a arte com sua família. Primeiro, ajudava os nonos, depois, continuou a ajudar o pai na fabricação do vinho da família e, agora, ele e a esposa continuam a tradição.

- Eu gosto de tomar um vinho de qualidade! Colhemos a uva orgânica dos tipos bordô e rosê (este último provém da mistura de bordô com champanhe) e produzimos entre 800 a mil litros de vinho – conta Neiva.

Nilva relata que o processo de produção de vinho é manual, como faziam antigamente.

- O vinho é conservado nas pipas de madeira que eram dos meus pais, até o vinho ficar limpo. Por volta do terceiro ou quarto mês, colocamos nos litros. Quem nos ajuda no processo são meus cunhados – conta Neiva.

Ela também relata que o parreiral da propriedade é totalmente orgânico, sem a utilização de nenhum tipo de agrotóxico.

Data de publicação: 18/02/2021